Começa hoje o julgamento do "Caso Sotero"
O julgamento do delegado Gustavo de Castro Sotero, acusado de matar o
advogado Wilson Justo Filho, no dia 25 de novembro de 2017, dentro de uma casa
noturna na Zona Oeste de Manaus, começa nesta terça-feira
(29), no Fórum Ministro Henoch Reis, na Zona Centro-Sul de Manaus. O Tribunal
de Justiça do Amazonas (TJ-AM) espera que o júri seja concluído em três dias.
A abertura da sessão será realizada com o sorteio dos jurados e na
sequência: oitiva das vítimas, das testemunhas de acusação e das que forem em
comum com as de defesa. Na quarta-feira (30), a partir das 9h, serão realizadas
as oitivas das testemunhas de defesa, dos assistentes técnicos da acusação e da
defesa. Na quinta-feira (31) às 9h, serão realizados o interrogatório do
acusado, os debates, a quesitação e prolatação da sentença.
O acusado também responde pela tentativa de homicídio contra Fabíola
Rodrigues Pinto de Oliveira - esposa de Wilson; Maurício Carvalho Rocha e Yuri
José Paiva Dácio de Souza
Perícia criminal
O assistente técnico, perito criminal Ricardo Molina, afirmou durante
coletiva de imprensa na manhã de segunda-feira (28), que o delegado de Polícia
Civil Gustavo Sotero estava ‘caçando’ o advogado Wilson Justo Filho quando
disparou contra a vítima.
Ao apresentar parte do laudo técnico, que compõe o processo referente
ao homicídio triplamente qualificado do advogado Wilson Justo Filho, no
Tribunal do Júri, Molina afirmou que a reação do advogado contra o delegado se
deu porque Sotero estava olhando fixamente para a esposa de Wilson, Fabíola
Rodrigues.
“Wilson deu um soco nele e o delegado teve uma reação imediata e em
apenas um segundo, o Sotero saca a arma e atira, não chama para conversar ou
dar voz de prisão e o Wilson está há mais de um metro de distância dele, então
não há nenhum ataque. Isso é uma fantasia da defesa. O Wilson levanta o braço
em posição de defesa. Quem atacou com a arma foi o Sotero e daí pra frente, ele
começa uma verdadeira caça ao Wilson e sai atrás querendo acertar ele de uma
forma tão ‘doidivana’, que ele acerta mais outras duas pessoas que nada tinham
a ver com o caso e depois vai na mureta e só não dá o tiro de misericórdia
porque a arma dele travou”, afirmou Molina.
Molina foi contratado pela Ordem dos Advogados do Brasil Seccional
Amazonas (OAB/AM). Ele esteve pessoalmente na casa noturna para analisar o
espaço e periciar as imagens. Molina disse que ficou impressionado com o farto
volume de provas.
“O material é muito rico. A casa noturna tinha câmera para todo lado.
Não dá para saber o que não aconteceu, o que a gente tem dúvida numa câmera, a
gente vai e tira na outra, tá tudo lá”, destacou.
O conselheiro federal da Ordem, Anielo Aufiero, explicou que a OAB
está há dois anos legalmente habilitada como assistente da acusação, uma vez
que a vítima era um inscrito da seccional do Amazonas. “Desde a fase do
inquérito policial, o caso estava sendo acompanhado pela Procuradoria de
Prerrogativas da OAB-AM. Isso é perfeitamente legítimo, seja como assistente da
acusação ou de defesa”, afirmou.
Além de Molina, participaram da coletiva a esposa de Wilson, Fabíola
Rodrigues que ficou emocionada durante toda a apresentação das imagens, as duas
vítimas atingidas pelos disparos de Sotero, Yuri José Paiva e Maurício
Carvalho, ambos preferiram não se manifestar durante a coletiva. Os advogados
de defesa, Leonardo Assis, Catharina Estrella e Josemar Berçot, além da
procuradora-geral de Prerrogativas da OAB-AM, Adriane Magalhães, também
acompanharam a entrevista e a apresentação do laudo.
Defesa de Sotero
A equipe de defesa do delegado Gustavo Sotero também reuniu a imprensa
na tarde dessa segunda-feira. O advogado Claudio Dalledone Junior confrontou a
análise feita pelo perito Ricardo Molina e reforçou que houve legitima defesa
de seu cliente.
“Não existe nada de execução, o que existiu foi um confronto e quem
sempre tomou a decisão de atacar, infelizmente, foi o Wilson Justo. Dois homens
da lei se cruzam e tem uma controvérsia, um estaria olhando a mulher do outro.
O que seria adequado? O Justo chamar o segurança, mas ele optou em dar um
violento soco no rosto de Sotero e mesmo depois do meu cliente se identificar
como delegado continua sendo atacado, Wilson tentar tirar a arma de um
policial. Não existe nada de fuga, quem tinha o poder de fogo naquele momento
era Sotero, por que ele recua? Porque o outro o ataca de uma forma clara e
evidente. Isso justifica todo o esforço da defesa de trazer o fonoaudiólogo
Ricardo Molina e trazer o que há de mais luxuoso juridicamente para tentar
incriminar homem, que infelizmente, matou para não morrer”, destaca Dalledone.
Um vídeo com projeções em 3D deve ser utilizado pela defesa durante o
julgamento para fortalecer o argumento de legítima defesa.
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