Boatos de descoberta de ouro provocou a invasão de garimpeiros à Comunidade de Rosarinho, em Autazes - Opinião Manauara

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Boatos de descoberta de ouro provocou a invasão de garimpeiros à Comunidade de Rosarinho, em Autazes

Garimpeiros se deslocaram de Humaitá, Sul do Amazonas, para o Rio Madeira, com centenas de balsas.

Boatos de descoberta de ouro na comunidade do Rosarinho, na cidade de Autazes, foi o que levou centenas de balsas e empurradores a se deslocarem para aquela região, criando uma movimentação atípica que assustou os moradores que usam o Rio Madeira.

A informação é do Greenpeace, que confirmou a invasão dos garimpeiros num sobrevoo feito na última terça-feira (23).

Ontem, quarta-feira (24), no início da noite, o Ministério Público Federal (MPF) expediu recomendação pedindo a adoção emergencial de ação coordenada de repressão e desarticulação ao garimpo ilegal de ouro na calha do rio Madeira e afluentes, em atuação integrada de órgãos e autarquias federais e estaduais competentes. O prazo dado pelo órgão é de 30 dias para a providência ocorrer.

Também foram cobrados a tomar providências o Exército Brasileiro, por meio do Comando Militar da Amazônia (CMA); a Superintendência da Polícia Federal no Amazonas; a Agência Fluvial de Itacoatiara, unidade da Marinha encarregada do rio Madeira, subordinada à Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental (CFAOC); o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), à Presidência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e à Superintendência da Agência Nacional da Mineração (ANM) no Amazonas.

O MPF destaca, na recomendação, que “a atuação coordenada entre todos esses atores propiciaria uma resposta rápida e eficiente à atividade ilegal em curso no município de Autazes/AM, com papel de destaque e de coordenação a ser exercido pelos órgãos ambientais, detentores de especial expertise no enfrentamento a ilícitos ambientais na Amazônia”, destaca o MPF na recomendação.

CONDENAÇÃO

Em agosto deste ano, a Justiça Federal condenou o Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam) a anular as licenças concedidas irregularmente para as atividades de extração de ouro no leito do rio Madeira, em área de mais de 37 mil hectares, na região sul do Amazonas.

A sentença, que permanece válida, reafirmou uma decisão liminar de dezembro de 2017 nesse mesmo sentido. Com isso, toda a atividade garimpeira antes amparada por essas licenças irregulares deve seguir paralisada. A ação que originou a sentença é do Ministério Público Federal (MPF) em ação civil pública. Atualmente, o processo está em fase de recurso.

De acordo com informações do Greenpeace, os garimpeiros vieram da região Sul do Amazonas, de municípios como Humaitá, onde o garimpo atua de forma massiva há muitos anos, contando com apoio de empresários e políticos que apoiam essa atividade ilegal. 

A reação dos moradores de Autazes, segundo a organização não-governamental, vai da excitação pela descoberta de ouro naquelas redondezas à preocupação com os prejuízos ambientais que vão começar a ocorrer, como a contaminação por mercúrio. 

Danicley de Aguiar,  porta-voz da Campanha Amazônia do Greenpeace Brasil, disse que o que acontece hoje naquela cidade é uma “vergonha nacional”. 

“Enquanto o mundo inteiro busca maneiras de solucionar a crise climática, o Brasil investe no contrário. O que vimos no sobrevoo é o desenrolar de um crime ocorrendo à luz do dia, sem o menor constrangimento. Isso tudo, óbvio, é referendado pelo presidente Bolsonaro, que dá licença política e moral para que os garimpeiros ajam dessa maneira”.
 
Para ele, essa invasão de garimpeiros é mais uma amostra de que a Amazônia está entregue à sua própria sorte. “Mas não podemos ficar calados, precisamos interromper o ciclo dessa economia da destruição”, afirmou o porta-voz.

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