"Fui confundido com um bandido", relata estudante negro de Manaus - Opinião Manauara

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"Fui confundido com um bandido", relata estudante negro de Manaus



MANAUS (AM) - O racismo acontece cotidianamente, e afeta milhares de brasileiros. Em Manaus, o ato de discriminar alguém por conta de sua cor também é uma dura realidade, sendo, muitas vezes, velado, o que torna sua identificação ainda mais difícil.

No Dia da Conciência Negra, celebrado neste sábado (20), o portal ouviu relatos de jovens negros manauaras que foram obrigados a viver com a violência do racismo desde sempre.

“Você tem dinheiro para comprar?”

Quando o historiador Christopher Rocha, de 24 anos, saiu do município de Borba, a 208 quilômetros de Manaus, para cursar o ensino médio em uma escola técnica da capital amazonense, costumava ir aos shoppings da cidade, e em uma dessas saídas descontraídas sofreu pela primeira vez racismo.

“Entrei em uma loja que vende óculos e uma das atendentes começou a me olhar estranho e a me tratar de uma maneira esquisita. Então, eu fui perguntando os preços dos óculos de grau e aí ela questinou se eu tinha dinheiro para comprar. Isso aconteceu em 2012”, relata Christopher.

Sem entender a abordagem da atendente, o historiador respondeu que tinha dinheiro. Em seguida, Christopher perguntou o porquê da indagação à funcionária, que acabou o
ignorando. Desconfortável com a situação, o estudante saiu da loja e refletiu sobre o ocorrido.

“Eu fui embora, e acabei comprando os óculos em outro lugar. Até que foi caindo a ficha que aquilo tinha sido por conta da minha cor”, diz o historiador. Confundido com um ladrão

Outro caso de racismo aconteceu na avenida Constantino Nery, Zona Centro-Sul de Manaus. O auxiliar de loja Brenner Tenazor, de 22 anos, tinha o costume de caminhar todas as noites na avenida. Em um certo dia. durante o seu trajeto, ele se passava perto de um casal, quando foi abordado de forma inesperada.

"Estava com um traje esportivo. Cheguei na Constantino, para fazer minha corrida e passei por duas pessoas, até aí tudo bem. Continuei correndo, e quando fui chegando mais próximo de um casal, o homem e a mulher, ambos com os semblantes assustados, me ofereceram um objeto que estava na mão"

Brenner não entendeu o que estava acontecendo e acabou rejeitando o objeto que a mulher entregava para ele. “Foi então que percebi o que estava acontecendo. Duas pessoas brancas vendo uma pessoa negra correndo na rua, elas imaginaram que eu seria um ladrão. Só consegui perceber depois o que estava acontecendo e notei que era racismo”, conta o jovem.

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