Maria do Carmo contrata marqueteiro investigado pela PF por corrupção e desvio de dinheiro, além de fã ardoroso de Lula e Dilma
George Wilde foi o escolhido pela candidata de Bolsonaro para tocar sua campanha ao Governo do Amazonas
A empresária Maria do Carmo Seffair (PL), que tem apoio do presidente Jair Bolsonaro na disputa para o Governo do Amazonas, fez uma escolha perigosa. Ela contratou como marqueteiro de sua campanha George Wilde Silva de Oliveira. Além de não ter tocado nenhuma campanha sozinho, sempre atuando como coadjuvante de grandes estrelas do universo político de marketing, George derrete-se nas redes sociais pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela ex-presidente, Dilma Rousseff.
A contratação foi recebida com surpresa por causa do perfil da candidata. Maria do Carmo costuma ocupar as redes sociais para criticar qualquer postura que considere antiética ou imoral. Recentemente, censurou todos os políticos que foram ao Festival Folclórico de Parintins “esbanjar em camarotes de luxo pagos pelo povo”.
O mesmo rigor não tem sido aplicado na escolha da equipe, como demostra a contratação do marqueteiro. Em documento postado na internet pelo jornal Estadão, o nome de George é encontrado no processo nº 0001430-69.2016.4.05.8400 do Ministério Público Federal do Rio Grande do Norte. Ele é acusado de ter participado de um amplo esquema de desvio de dinheiro durante campanha para o Governo do Estado do Rio Grande do Norte em 2014.
“George Wilde Silva de Oliveira apresentou movimentação financeira bem superior aos rendimentos declarados, especialmente no ano de 2014, o que indica o recebimento de valores de origem ilícita”.
Os procuradores do Rio Grande do Norte retiraram, na época, o direito constitucional elementar do suspeito George: “afastar a garantia da inviolabilidade domiciliar”. Na prática, isso significa que os agentes da lei poderiam entrar na residência dele para buscar elementos relacionados aos crimes pelos quais estava sendo acusado.
Inexperiência
Quando se contrata um profissional para campanha política, um candidato que aspira cargos elevados, principalmente, do Poder Executivo, busca nomes de relevância e com um vasto currículo como titular na construção de comunicação que leve a ampla aceitação popular e votação expressiva, garantido a vitória.
Apesar de Wilde se vangloriar de ser o responsável pela reeleição do governador Wilson Lima, em 2022, ele não era o cara, ou melhor, um dos caras que determinavam os rumos da campanha. A tarefa cabia a Alexandre Oltramari e Chico Mendez. George era um mero executor de tarefas idealizadas pela dupla.
Incoerência política
Além de inexperiente, pesa sobre George outro fato que pode fazer os aliados de Bolsonaro pular do barco mesmo antes dele sair do ancoradouro: a admiração do contratado pelos líderes do Partido dos Trabalhadores, principal grupo oposicionista aos integrantes da direita.
George não esconde a aproximação, pelo contrário, exibe nas redes sociais fotos ao lado de presidente Lula, da ex-presidente Dilma e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A relação com o PT é bem antiga. Começou em 2002 quando Wilde passou a trabalhar com os marqueteiros do PT, Duda Mendonça e João Santana.
Duda Mendonça teve a carreira manchada por operações irregulares. Em depoimento à CPI dos Correios, assumiu que recebeu cerca de R$ 15 milhões do PT por meio do esquema de caixa 2. O pagamento dele, cerca de R$ 10 milhões, por serviços prestados para políticos, dentre eles Lula, na campanha presidencial de 2002, ocorreu por meio de depósito numa conta nas Bahamas.
Analisando a acusação do Ministério Público Federal contra George Wilde percebe-se que o marqueteiro ou ajudante de marqueteiro aprendeu bem a lição com o mestre do passado. Resta saber ser Maria do Carmo o manterá na função mesmo com tantos contras na lista de avaliação.
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