Homem denuncia falsa acusação de importunação sexual após apanhar e ser retirado de ônibus em Manaus
Jaer Barroso afirma ter sido agredido e exposto nas redes sociais após confusão em coletivo lotado; polícia investiga o caso.
O jovem Jaer Barroso, de 27 anos, registrou denúncia no 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP) nesta sexta-feira (19) após ter seu nome associado a uma acusação de importunação sexual que viralizou nas redes sociais. Ele foi retirado à força de um ônibus do transporte coletivo de Manaus depois de uma passageira afirmar que teria sido vítima de contato íntimo indevido durante a viagem.
O episódio ocorreu na manhã de quinta-feira (18), em um veículo da linha 010 (Conjunto Augusto Montenegro–Educandos), que seguia lotado no horário de pico. Vídeos gravados por testemunhas mostram o momento em que a mulher, visivelmente abalada, acusa Jaer de esfregar o órgão genital nela e pede ajuda aos demais passageiros. Em seguida, ele é cercado, hostilizado e retirado do coletivo.
As imagens se espalharam rapidamente pelas redes sociais, acompanhadas de comentários que apontavam o jovem como autor de importunação sexual. Diante da repercussão, Jaer procurou a polícia para registrar um boletim de ocorrência e apresentar sua versão dos fatos, alegando ter sido vítima de falsa acusação, agressões físicas e danos à sua imagem.
Versão do acusado
Em entrevista exclusiva ao Portal AM POST, Jaer afirmou que seguia para o trabalho quando entrou no ônibus já cheio. Segundo ele, estava posicionado atrás da mulher, com uma bolsa à frente do corpo devido à superlotação. “O ônibus ficou lotado e eu fiquei por trás dela com a bolsa na frente. Estava muito apertado e ela achou que eu estava encostando nela”, relatou.
O jovem explicou que carrega diversos materiais de trabalho dentro da bolsa, como gabaritos e peças, e acredita que isso pode ter causado a sensação equivocada de contato. “Eu carrego muito material na minha bolsa. Não sei se foi isso que ela sentiu por trás”, disse. Ele nega qualquer atitude de cunho sexual e afirma que não houve intenção ou ação libidinosa.
De acordo com Jaer, após a acusação, parte dos passageiros passou a agredi-lo fisicamente. “Por ela ser mulher, acreditaram nela e começaram a me bater. Fiquei em choque, sem conseguir reagir. Saí do ônibus porque vi que não iam parar”, afirmou. Ele acrescentou que não pretendia descer, mas temeu que a violência se agravasse.
Defesa fala em danos irreparáveis e pede apuração
A defesa do jovem sustenta que houve um mal-entendido potencializado pelo ambiente de superlotação e pela rápida mobilização de pessoas no coletivo. O advogado Vladimir Rabelo informou que a decisão de procurar a polícia teve como objetivo garantir o direito de defesa e colaborar com a apuração. “Uma falsa acusação desse porte pode gerar danos irreparáveis. Viemos registrar o boletim para que ele se apresentasse espontaneamente”, explicou.
Segundo o advogado, a equipe jurídica já identificou a mulher que fez a acusação e também os passageiros que teriam participado das agressões. “Reunimos vídeos, testemunhos e informações que foram entregues à investigação. Agora, aguardamos os desdobramentos para que os fatos sejam esclarecidos”, disse Rabelo, destacando que a exposição pública pode causar prejuízos pessoais e profissionais ao acusado.
O caso reacende o debate sobre a importunação sexual em transportes públicos, crime previsto no Código Penal e caracterizado pela prática de atos libidinosos sem consentimento, sem necessidade de violência grave ou ameaça. A pena varia de um a cinco anos de reclusão, podendo ser agravada conforme as circunstâncias. Autoridades reforçam que vítimas devem denunciar casos reais, buscando ajuda pelo telefone 180 ou diretamente em uma delegacia.




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