Ancestralidade e conflitos familiares na Amazônia são tema de roteiro de série - Opinião Manauara

PUBLICIDADE

Últimas

Ancestralidade e conflitos familiares na Amazônia são tema de roteiro de série

Projeto de sala de roteiro contemplado pela Lei Paulo Gustavo reúne roteiristas amazonenses em narrativa que une realismo mágico e drama




O projeto “A Cura”, idealizado por Aruã Oipasam, da Nefrita Produções, finaliza em maio o desenvolvimento de um roteiro de série ambientado na cidade amazônica fictícia de Eurineri que conta a história de dois irmãos que retornam à terra natal para completar o ritual funerário da avó, uma curandeira com dons místicos e se deparam com diversos conflitos familiares e mistérios. O projeto, contemplado pelo edital de 2023 da Lei Paulo Gustavo (SEC/AM), é uma sala de roteiro que reuniu três roteiristas amazonenses: Aruã Oipasam, Dheik Praia e Sarah Pimentel, artistas com trajetórias envolvem o audiovisual, a literatura e o ativismo cultural. 

Durante o desenvolvimento do roteiro, a equipe realizou pesquisas em parceria com a pesquisadora indígena Mel Farias, aprofundando-se em diversos aspectos dos contextos sociais, políticos e espirituais do Amazonas, com ênfase na cultura e nas vivências das cidades do interior. O roteiro narra a história de Zélia uma enfermeira solitária, surpreendida pela aparição do espírito da avó recém-falecida, Eliomara — uma curandeira de grande poder. A entidade convoca Zélia e a irmã Suzana, uma pessoa não binária que oculta sua identidade da família, a retornarem à cidade fictícia de Eurineri para concluir um ritual funerário que transferirá os dons místicos para uma das netas.

De acordo com Aruã Oipasam, o projeto foi uma imersão no reconhecimento histórico de colonização e reflexão pessoal sobre ancestralidade. “A gente sai com uma sensação de dever cumprido, ao mesmo tempo que percebemos o quanto essa história pode impactar de maneira positiva as reflexões sobre as raízes históricas dos problemas que o Amazonas enfrenta, tanto no aspecto coletivo, quanto no aspecto individual e familiar”, disse o roteirista.

As expectativas para o futuro são otimistas: embora séries demandem mais tempo de desenvolvimento, os criadores pretendem continuar aprimorando a obra até que seja viável sua realização completa. 


Sobre os roteiristas

Aruã Oipasam é uma pessoa não-binárie e roteirista formado em Produção Auditovisual pela Universidade do Estado do Amazonas com experiências na publicidade, como o videoclipe de Criolo "Pretos Ganhando Dinheiro Incomoda Demais" e no cinema, tendo atuado como assistente de roteiro em “A Sogra que Te Pariu”  da Netflix e na série “Deus me Livre, Mas Quem Me Dera”. Atualmente,  atua também no desenvolvimento do seu primeiro longa metragem “A Última Pessoa do Prédio” no curso New Voices - SPcine.


Dheik Praia é poeta, roteirista e arte-educadora. Mulher negra de ancestralidade Kokama, Dheik constrói sua obra a partir de vivências entre o Amazonas e a Bahia. Foi roteirista do documentário sobre Chico Mendes, da Elefanti Filmes e dirigiu o curta “Novembros”, além de ter participado da sala de roteiro da série “Deus me Livre, Mas Quem Me Dera”.


Sarah Pimentel é  indígena em retomada e atua há 15 anos na área de produção, abrangendo jornalismo, publicidade e audiovisual. Produtora executiva e roteirista, integra a Taturana – Cinema e Impacto Social, e possui formação em roteiro e gestão cultural. Sua experiência conecta comunicação, audiovisual e transformação social.

Nenhum comentário